domingo, 4 de agosto de 2013

O Assassinato da Flor



(Me dê motivo - Adriana Calcanhotto)

   Quando você recolhe uma flor em meio ao jardim da sua casa ou até mesmo no quintal, quando você a toma pra si, há cuidados que você deve ter com ela e, o principal, você cria vínculos com ela. Cada flor, como cada relação de afeto é única no mundo. E, por isso, dispensa tempo e o mínimo de dedicação! E é bem nesse momento que se escondem os atos falhos e rasos de cada coração [des]humano.
     Atenção, nos mínimos gestos se escondem a capacidade que o homem tem em se esconder para não mostrar o "animal sentimental que se apega facilmente", como diz o mito Renato Russo! Queria saber utilizar-me dessa artimanha a qual não fui 'abençoada' pelas mãos divinas... (quanta injustiça!). Porque sempre acabo ali, no canto do sofá com um balde de pipoca ou um prato de brigadeiro... entregue às gordices da vida! Acontece que também não sei esconder ou mascarar sentimentos, livrar-me, resignar-me, amputar-me. Acredito que tudo que vem, que aqui está... está pra ser vivido, sentido, buscado! Essa atribuição de findar os sonhos não coube na palma da minha mão, pois, por mais impossíveis que sejam... eu prefiro por alimentá-los na Esperança de que um dia deem certo.
    "No meu caminho, o teu caminho é um nem vais, nem vou...", de certo que entender um poeta como Caetano Veloso é muita pretensão para uma reles (e pobre!) mortal como eu, mas, citá-lo nesse instante é como desnudar o pouco de alma que me sobra e que me enche de cor, de colores e de dores e menos Dolores! Eis que faço do meu o teu caminho e você não sabe por onde ir e, certamente, não seja eu quem deva ir. Porque pra gente como nós 'Não há volta e nem retorno'. Inversamente proporcional a Ilusão da Arte está a Ilusão do Amor e não seria eu - podremente mística - a revelar  os segredos dessa Morte Mática. 
     No fundo, sou eu que ando demasiado a Flor da Pele ou que vivo saindo pelos meus próprios poros, enquanto os seus são acostumados a viver esmagados num lugar onde nem você mesmo sabe que eles se escondem. E assim é a vida e, por isso, não me importo (ou deveria não me importar!). Sinceramente, não! Se cada vez que sentir, tiver que derrubar lágrimas... As derramarei. Sabe por que? Ser fraco é tão saudável quanto exalar essa força que você imagina ter, afinal, todos nós viemos do choro. As nossas raízes vem daí. E daí? Se a sua insensibilidade não te permite ver o que grita bem a sua frente! Se o que satisfaz o seu ego é o teu sorriso, teu prazer, tua vontade, ainda que por um dia e nada mais, ao passo que a minha sensibilidade - ironicamente! - implora que este momento se repita... Mesmo sabendo que até a pasta d'água que cobre o seu rosto já foi lavada - com facilidade! - da sua cara... Ou até mesmo o seu cobertor tenha limpado o resto dos traços que sobraram.
     O engraçado é que as pessoas pensando em crescer, escrevem seus rumos pensando no que pode ou não ser. No que deve ou não vir a ser. E antes de se preocuparem com o bem-estar, se preocupam com as cobranças, com a falta de espaço, com o exagero do cuidado, com perder o ritmo que vem dando às suas vidas, com a sua facilidade de seguir no mundo, com os outros laços que existem, com os filhos e os nós que nem são seus, com uma pá de coisas que não definem absolutamente nada do que pode vir a ser... Quando o que devia chamar a sua atenção era que portas estavam abertas, era que as escolhas também mortificam as pessoas, também as corroem. Principalmente, quando você dissimula as suas próprias palavras de um dia para o outro. Porra, custa olhar pro seu lado um pouco? Fora do seu umbigo? Do seu mundinho? Não precisa olhar pra o que eu quero, ao menos, veja o que eu quero te mostrar. Não abandone suas convicções, mas, tenha o mínimo de respeito pelas minhas. E, segure a minha mão - ao menos por alguns instantes - mesmo que seja para me dar um Adeus... Afinal, entre tantas escolhas que eu podia ter tido, você é a que eu fiz! O seu sorriso junto ao meu foi a minha escolha... os teus olhos negros (sempre eles!). Até o timbre da minha voz se adequou ao teu. Mas, ainda que o mundo enxergue... você não vê! Pelo menos, essa imagem... a sua câmera não tem o dom de capturar e os seus flashes brancos - quase raios! - são incapazes de tornar ainda mais nítidos esses laços, pelo simples fato de 'o essencial ser invisível aos olhos' parafraseando Antoine de Saint-Exupéry!
    Laços vestidos que pretendem ser despidos e que podem doer, sim, na alma! Meu esporte predileto tem sido te xingar em pensamento de todos os nomes ditos e indizíveis por um motivo muito simples... aquela pequena simetria básica que as pessoas/o mundo nunca se empenham em cumprir: Amor com Amor se Paga... Gentileza gera Gentileza. Quem disse que o amor não é gentileza e que não deve ser tratado com leveza? O que o outro nos transmite tem que ser tratado com o mínimo cuidado que pudermos lhes dar... Afinal, quando você se dispõe a cativar uma rosa.. você a faz ser única no mundo... todas as suas relações são únicas... Então, por que desgraça tratar das pessoas de qualquer modo? Por que ser canalha é moda e  faz bem? Ou porque ser pegador e prezar por uma coleção feminina na sua vitrine é bom pra alavancar sua virilidade na frente dos seus amigos? No fim, você acaba sendo mais lixo do que a sua coleção de garotas já que elas também podem procurar alguém que queira ocupar o primeiro lugar da fila sem esperar chegar na sua senha... Porque bem disse o Principezinho que quando se cativa alguém e ele diz que vai chegar às 4 da tarde... desde as 3 este alguém te espera! E, se você é idiota porque quer ser... Então, tudo bem! Mas, eu tô aqui abrindo os seus olhos... há alguém que te espera desde agora, muito antes das três [mais precisamente às 3:30 da manhã]. Se a princesa do seu conto de fadas, não tem defeito, não pode ser mãe solteira [que aliás, é outra babaquice da parte de vocês porque o seu relacionamento pode ser a nível de convivência com a criança, mas, o teu enlace mesmo é com a mãe dele!] ou não é ciumenta ou não te cobra nada... Sinto informar, mas, esse seu conto de fadas... tá é muito mal frequentado... E, puta merda, essa cabeçuda, burra e com um problema na mão pensa diuturnamente em o quê e como fazer pra te agradar... Portanto, se não vai ser possível, FAVOR: avisa antes! Poupa tempo e mais do que isso... poupa sentimento. E, depois disso, aparecerá outro idiota [menos ou igualmente sacana!] mas, ao menos na sua vez... Seja o menos idiota possível porque quando alguém está entregue a você. Ali, não está a metade de uma laranja, mas, ela como um todo! E se você se vê no direito de ser um filho da mãe e de um pai [literalmente falando...], eu também vou ter o direito de botar o meu bloco na rua...
   E não estar melancolicamente abusada porque também é chegada a hora da virada... sabe? Ou é tudo... ou é nada! Não tenho tempo pra esperar 'ad aeternum' por alguém que eu nem sei se vai parar, reparar... Ao passo que eu me friso, completamente paranoica... frente a tua rotatória... E, incrivelmente, ainda estamos no 180°, mas, quando o transferidor passar pra os 360° não espere que nada seja como antes... porque o mundo, como bem disse Cartola, é um moinho e não tem espaço para sonhos vãos, mesquinhos... E o vento! Sempre tão maestral... vai levando, lavando tudo pro mais longe que puder!
     E, quando lava... A menina dança! E, enquanto dança, você brota! Mas, quando você brotar... O ritmo já poderá ter mudado! E, se o ritmo muda... você não sabe o que há porque você não permitiu que nasça... e o seu tempo [Ah! Rei...] passa. Na mesma velocidade que um relâmpado, um meteoro ou uma estrela cadente... porque nem sempre a fraqueza que se sente quer dizer que a gente não é forte! E se agora eu tô um pouco fraco... como uma flor brutalmente esmagada e assassinada... Acredite, irmão! Amanhã, eu posso estar [incrivelmente!] forte!


Sim, é por amor... o assassinato da flor!
muito amor e carinho!


"Como eu queria
Como eu queria que você estivesse aqui
Somos apenas duas almas perdidas
Nadando em um aquário
Ano após ano
Correndo sobre este mesmo velho chão
O que encontramos?
Os mesmos velhos medos
Queria que você estivesse aqui"



(Wish You Were Here - Pink Floyd)

2 comentários:

  1. Belíssimo texto!

    Tem muito de mim aí, na verdade acho que o texto em si,tirando a parte da "pasta d'água" me transparece. A mim e a minha "relação" tão complicada, tão confusa, tão dolorosa... Eu vi minha vida escrita aí, com todos os palavrões, ditos e pensados.

    Hunf! Não quero mais ficar pensando sobre isso. =/

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  2. Quase não termino... Hehe! Brincadeira! Show!

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